Espécies Exóticas Invasoras

   Espécies Exóticas Invasoras (EEI) são todos os animais, plantas ou outros organismos introduzidos pela mão do Homem em locais fora da sua área de distribuição natural. Onde quer que se estabilizem e propaguem, possuem um efeito nefasto sobre os ecossistemas e as espécies autóctones.
   Desde o séc. XV que as espécies exóticas originárias de locais distantes, que normalmente não teriam possibilidade de conquistar ambientes longínquos, são introduzidas pelo Homem recorrentemente, alterando ecossistemas e causando a extinção de um elevado número de espécies nativas que não têm como se adaptar a competidores menos especializados, mais prolíferos e com um ciclo de vida menor do que o seu.

Datura stramonium  (© A. Gonçalves)

   Portanto, um dos maiores factores para a acentuada diminuição da biodiversidade actual é, sem qualquer dúvida, a existência das EEI. Aliás, são inclusivamente consideradas a segunda maior causa para  este fenómeno, logo a seguir à destruição de habitats, sendo em ilhas a primeira. Como exemplo, tem-se o caso dos gatos e ratos que proliferam nesses locais e destroem a fauna local, sobretudo aves. Nem foi há muito tempo que uma cria de cagarro, cujas imagens estavam a ser divulgadas pela SPEA na internet, foi predada por um gato.
   Infelizmente, a lista de espécies exóticas invasoras em Portugal assim como no resto do Mundo parece infindável. São introduzidas acidentalmente, muitas vezes trazidas através de águas de lastro, como o caranguejo-peludo-chinês (Eriocheir sinensis) que presentemente se encontra disperso pelos rios Minho e Tejo; ou intencionalmente para fins recreativos, alimentares e outros.
   Por exemplo, o lagostim-vermelho (Procambarus clarkii), originário da América do Norte, que chegou a Portugal através de fugas acidentais de viveiros espanhóis, é uma verdadeira praga na maior parte dos cursos de água. Reduz significativamente todas as espécies nativas, sendo um predador voraz e ainda vector de alguns vírus e hospedeiro de parasitas intestinais.
   Já a gambúsia (Gambusia holbrooki), vinda da América Central, foi intencionalmente introduzida para combater o mosquito da malária que se reproduzia em águas paradas, como os arrozais. Todavia, esta introdução revelou-se uma verdadeira catástrofe: além de se ter reproduzido exponencialmente ao alimentar-se de ovos de anfíbios e peixes, que também predavam as larvas de mosquito, a sua presença revelou-se contraproducente.
   Para se ter noção da sua nocividade basta dizer que se encontra entre as 100 piores EEI do Mundo, a par com a tão comum cana Arundo donax, que facilmente substitui as espécies nativas com as quais compete, e a acácia-negra (Acacia mearnsii ). As restantes podem ser conferidas aqui.
  Quanto a espécies introduzidas para fins recreativos tem-se, entre muitos outros, o caso do achigã (Micropterus Salmoides) que se adaptou muito bem às albufeiras onde foi introduzido, ambiente esse já adverso para as espécies de peixe autóctones que viram assim as suas hipóteses de sobrevivência ainda mais reduzidas.
   Outra espécie que se tem vindo a multiplicar consideravelmente ao longo dos anos é a amêijoa-asiática (Corbicula fluminea). É provável que tenha chegado através de águas de lastro mas foi também propositadamente introduzida em alguns rios para posterior captura e consumo. Tem vindo a atingir densidades populacionais incríveis, como se pode comprovar na seguinte reportagem:
                                       

   Enfim, não importa enumerar mais casos e consequências porque é fácil concluir que as EEI danificam os ecossistemas, prejudicam a economia e até a nossa saúde, além de que a sua erradicação na maior parte das situações não só é extremamente cara e difícil como, muitas vezes, impossível.
   Por isso, entre as medidas de erradicação e controlo exequíveis, cada pessoa deve ter conhecimento das espécies exóticas invasoras ou potencialmente invasoras, não as deve manter e muito menos libertar na natureza.

 
 A título de curiosidade, a espécie deste mês no Naturdata é uma planta exótica invasora, a Carpobrotus edulis, vulgarmente conhecida como chorão.

2 Comentários:

João Pedro Silva disse...

Acrescente-se a Distaplia corolla, uma ascídea nativa das Caraíbas e introduzida no Faial através do lastro dos veleiros. Actualmente, está presente em todas as ilhas dos Açores e também em Portugal continental.

Tatiana Moreira disse...

Ui. Há uma lista incessante de espécies invasoras... Invelizmente.
Obrigada pela partilha. Aqui está um assunto que é interessante reportar para toda a poppulação :)

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